Todos os anos, quando o Carnaval chega ao fim, começa a Quaresma. Mas você sabe o que isso significa?
A Quaresma é um período de 40 dias que começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na Quinta-Feira Santa, antes da celebração da Páscoa. Esta é uma fase muito importante para a Igreja Católica e outras denominações cristãs, incluindo a Igreja Anglicana, Luterana e a Igreja Ortodoxa.
Durante a Quaresma, os fiéis são encorajados a fazer sacrifícios e se abster de certas coisas, como carne, álcool ou outras atividades prazerosas. Essas práticas são feitas em homenagem a Jesus, afinal, é também durante esse período que os fiéis se lembram dos 40 dias que Jesus passou no deserto, antes de iniciar a sua vida pública.
Por isso, além das abstenções, durante a Quaresma os cristãos também aproveitam para refletir, orar e se preparar para celebrar a Páscoa.
Fora do cristianismo, outras religiões podem ter períodos de prática ou observância semelhantes à Quaresma, mas com significados e objetivos diferentes.
No hinduísmo, por exemplo, há um período chamado Chaturmas que dura quatro meses e envolve restrição alimentar, meditação e práticas espirituais. No islamismo, o mês do Ramadã é um tempo de jejum e oração, mas não se trata especificamente de uma preparação para a celebração da Páscoa.
Quaresma na Umbanda
Apesar de ser um hábito cristão, muitas pessoas seguidoras da Umbanda ficam em dúvida se, durante a quaresma, é possível continuar com as práticas religiosas de seus terreiros.
Por ser uma religião brasileira que combina elementos do cristianismo com tradições africanas e indígenas, muitos terreiros preferem seguir os preceitos do cristianismo em relação à Quaresma, enquanto outros preferem seguir com suas atividades normalmente, sem considerar a data.
De acordo com Evandro Tanaka, do Podcast Alma de Poeta, o período da Quaresma é bastante respeitado pela Umbanda. Ele diz no episódio 97 de seu podcast que “tanto a Igreja quanto a Umbanda pregam que o período da Quaresma é um tempo de fortalecimento espiritual”.
Ele ainda nos dá um exemplo bem didático, para ilustrar como alguns adeptos da religião consideram esse período:
“Imagina o seguinte: você mora numa cidade que tem um presídio muito grande. Daí chega um dia e você recebe uma notícia de que houve uma rebelião naquele presídio e muitos detentos fugiram. O que as pessoas dessa cidade vão fazer nos primeiros dias? Elas vão ficar trancadas dentro de casa, com medo! Porque os marginais que fugiram do presídio estão andando lá no meio da rua.
A Quaresma é exatamente isso! Da pessoa ficar recolhida dentro de si, se protegendo das investidas dos kiumbas. Porque, como eu disse para vocês, a Quaresma é um período de muita instabilidade espiritual. É quando os kiumbas estão soltos e teimam em permanecer entre nós, depois da saidinha de Carnaval”.
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Por isso, se você é adepto da Umbanda ou simpatiza com a religião, o melhor a se fazer neste período é manter-se em oração, com bons pensamentos, fazendo suas firmezas e acendendo velas para o anjo da guarda.
Afinal de contas, tanto a Umbanda como outras que não seguem os preceitos da Quaresma, têm suas próprias práticas e crenças únicas, mas todas compartilham o objetivo comum de ajudar cada pessoa a se conectar com o divino e a encontrar significado e propósito em suas vidas.