Um bombom muito famoso nos anos 90, chamado Feitiço, foi relançado pela Lacta recentemente com o nome de “Feitiçaria”, causando muitas discussões e críticas de alguns grupos na internet. Uma nota publicada no site gkpb conta que após alguns vídeos conspiratórios sugerirem nas redes sociais, dizendo que o bombom “causava maldição nas pessoas”, a empresa mudou o nome do produto para “Lacta Morango”.

Ao tomar conhecimento disso, resolvi pesquisar sobre o tema para compreender melhor a origem desta palavra e porque o seu significado causa tanto medo em algumas pessoas. 

De acordo com o site Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, “a palavra feitiçaria vem «de feitiço + -aria»; e feitiço deriva «do lat[im] facticĭu, “artificial”». A página traz ainda que feitiçaria significa “emprego de feitiços; bruxedo; sortilégio” e, em sentido figurado, “enlevo ou sedução”.

Certamente o departamento de Marketing da Lacta não desejou lançar uma “maldição” em ninguém quando deu este nome ao chocolate. O termo foi trazido dos anos 90 quando, bem sabemos, foi uma época em que bruxinhas e gnomos estavam super em alta!

No entanto, essa situação nos mostra um outro lado. O que esses grupos vêm dizendo, nada mais é do que uma repetição de algo bastante reforçado na Idade Média, quando mulheres que dominavam o conhecimento da manipulação das ervas e de outros elementos da natureza eram queimadas vivas simplesmente por conhecer algo que ia além do que a maioria era capaz de compreender. 

Para estes grupos, presume-se que os feitiços têm um propósito maligno e que os feiticeiros lançam usam isso contra outras pessoas, simplesmente por sentirem um ódio injustificado. Mas, como explicar então, as feitiçarias que são feitas para proteção. Ou mesmo quando temos um desejo muito forte de que algo aconteça em nossa vida e isso acontece, como se fosse mágica (ou feitiçaria). 

Se pararmos para pensar, entendemos que esta palavra tem o sentido, ou a intenção, que queremos dar. Em sua forma mais simples, a feitiçaria é uma manipulação de forças e poderes naturais para atingir um objetivo desejado – bom ou mau, dependendo do que cada um traz no coração.

Feitiçaria pela história

Até a Inquisição, a feitiçaria era considerada crime civil, punível por lei. No século 14, a igreja conseguiu vincular a feitiçaria à heresia, tornando a feitiçaria um crime eclesiástico. 

O Malleus Maleficarum (1486), o principal manual do caçador de bruxas da Inquisição, fortaleceu ainda mais a conexão entre a feitiçaria e a heresia e atribuiu a maior parte da feitiçaria às mulheres.

Toda essa confusão com o nome do chocolate nos leva a entender que a visão européia da feitiçaria como uma prática de adoração ao diabo perdura até os tempos atuais. 

Os bruxos contemporâneos, que definem sua feitiçaria como algo feito de forma benevolente para o bem de si e dos demais, tenta reeducar as pessoas mas, isso ainda é uma tarefa difícil.

O bem e o mal sempre existiram e sempre vão existir, pois são dualidades inerentes dos seres humanos. Agora, o que cada um faz com isso, vai depender do nível de consciência de cada um.

Fernanda Correia

Sobre Fernanda Correia

Jornalista, astróloga e editora do Eleve-se. Capricorniana com Ascendente em Touro, ama tudo que faz conexão com a terra e está sempre disposta a aprender. É uma eterna pesquisadora de temas como astrologia cármica e espiritualidade.