Hoje eu quero falar um pouco sobre a história e a origem do tarô e falar também porque esse fenômeno cultural, foi tão mistificado e estigmatizado ao longo dos tempos.

Não se sabe ao certo a origem do tarô e as teorias sobre essa questão são diversas, sugerindo origens no Egito, Oriente Médio ou China. Mas de todas essas teorias, a única certeza que se tem é a de que os baralhos sempre foram obras de arte, desde os tempos mais antigos até os dias de hoje.

Mas o tarô, como  a gente conhece hoje, foi desenvolvido na Itália, durante a Idade Média. Naquela época ele era conhecido como ‘trionfi’ e depois ‘tarocchi’. As cartas mais antigas de tarô que conseguiram resistir ao tempo são três conjuntos do início do século XV feitos para a casa Visconti Sforza, que eram os governantes de Milão naquela época. 

As cartas de tarô eram usadas apenas pelas classes altas e estavam isentas das leis que proibiam o uso de cartas de baralho regulares naquela época!

O tarô só começou a se popularizar pela Europa após a criação da prensa de Gutenberg, que tornou possível a produção em massa das cartas – que até então eram pintadas a mão. 

Em 1718 foi produzido o primeiro Tarot de Marselha. Foi aí que a função esotérica do tarô ficou reconhecida. No final do século XVIII, algumas pessoas passaram a afirmar que as raízes do tarô estavam na sabedoria egípcia e que também os 22 Trunfos (Arcanos Maiores) correspondiam às 22 letras do alfabeto hebraico.

Isso alimentou o renascimento do ocultismo francês e em 1888 duas ordens místicas foram formadas: a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz, na França, e a Ordem Hermética da Aurora Dourada, na Inglaterra, a Golden Dawn.

Foi nesta época que surgiram importantes oráculos como o baralho Rider-Waite, que até hoje é um dos tarôs mais populares. Aleister Crowley, que também foi membro da Ordem Hermética da Aurora Dourada, produziu um tarô em parceria com a sua aluna, a Frieda Harris, que é o famoso tarô de Thoth, uma obra que antecipou a cultura psicodélica nos anos 60.

Mas a grande pergunta é: por que existem tantos estigmas negativos em torno das leituras de cartas, que acabaram deixando algumas pessoas totalmente céticas a seu respeito?

Bom, a meu ver, isso acontece porque existem muitas informações erradas e crenças fantasiosas em torno desse oráculo. Então, as cartas de tarô acabaram tendo uma associação muito forte com o ocultismo e até mesmo com a ‘magia negra’ e por isso são estereotipadas como algo sinistro e maligno. 

Isso tudo não passa de desinformação e cultuação do medo. As pessoas temem o que não entendem, e a maioria das pessoas não quer entender o tarô.

Mas veja só: se eu passo a entender mais sobre o tarô, a estudá-lo, automaticamente eu começo a ter um melhor conhecimento sobre mim mesma. Porque tarô é autoconhecimento. As cartas nos levam a compreender o que está no nosso subconsciente. 

E por falar em subconsciente a gente não pode deixar de lembrar de Jung, que foi um dos grandes estudiosos do tarô, que trouxe ao oráculo uma visão terapêutica.

O tarô conversa com o nosso inconsciente a partir de símbolos, afinal, a sua linguagem é composta por imagens. Então, quando uma pessoa escolhe uma carta ao acaso, ela está fornecendo ao seu inconsciente uma oportunidade para que ele se expresse. Daí, a partir da simbologia das cartas, é estabelecido um canal de comunicação entre o inconsciente e o consciente. 

Então, a pessoa passa a compreender melhor questões e situações que o seu consciente não consegue enxergar. E o tarólogo é o mensageiro, ou seja, é ele quem vai organizar essa mensagem para que o consulente possa compreendê-la melhor. 

É por isso que a pessoa precisa estudar, ter um bom conhecimento dos oráculos, para que a sua opinião pessoal não interfira neste processo de decodificação.

Então, como você pode ver, não há nada de místico, mágico ou sobrenatural numa leitura de cartas. E qualquer pessoa está apta a aprender esse oráculo, pois, um tarólogo não é um profeta que vai adivinhar o futuro. Sabe por que? Porque não existe nada nesta vida que não possa ser mudado. As cartas nos mostram tendências sobre situações que estão acontecendo naquele momento; é como se você pegasse uma situação completamente emaranhada e organizasse, para que você consiga enxergar aquela situação de fora e daí tomar uma decisão. Mas veja, você tem o controle total. Uma tiragem não vai definir a sua vida, o seu destino. 

E eu quero encerrar essa conversa com uma frase de Jung, que diz exatamente o seguinte: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você vai chamá-lo de destino”.

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Fernanda Correia

Sobre Fernanda Correia

Jornalista, astróloga e editora do Eleve-se. Capricorniana com Ascendente em Touro, ama tudo que faz conexão com a terra e está sempre disposta a aprender. É uma eterna pesquisadora de temas como astrologia cármica e espiritualidade.